quarta-feira, 1 de abril de 2009


Eu sou a que no mundo anda perdida.
Sou a que na vida não tem norte.
Sou a irmã do sonho e desta sorte.
Sou a crucificada,a dolorida.
Sombra de névoa,tenue e esvaecida.
E que o destino,amargo,triste e forte.
Impele brutalmente para a morte.
Alma de luto sempre incompreendida.
Sou aquela que passa e ninguém vê.
Sou a que chamam triste sem o ser.
Sou a que chora sem saber porquê.
Sou talvêz a visão que alguém sonhou.
Alguém que veio ao mundo para me ver.
E que jamais na vida me encontrou.
Florbela Espanca (1894-1930)
 
↑Top