Agora falta encontrar alguém com quem possa me relacionar.
É que o homem da minha vida não cabe em mim e eu não caibo nele.
Não basta que a gente se queira há muitos anos.
Não basta nossos namoros, os rompimentos e a teimosia
de desejar mais daquilo que não há de ser.
Não presta que ele me visite pra acabar com as saudades e
fuja correndo de pernas bambas e um bumbo no peito.
Não importa que eu esqueça meu nome depois, nem que
me perca num oco, ou que os sentimentos corram de ambos
os lados, intensos e desarvorados.
Não basta que haja amor para se viver um amor.
Eu e ele somos as cruzadas da idade média,
O Osama e o Tio Sam, o preto e o branco da apartheid.
O falcão e o lobo, o Feitiço de Áquila.
Seus mistérios me perturbam e minha clareza o ofusca.
Tenho fascínio pelo plutão que ele habita, e ele vive intrigado
por minha vênus, e quando eu falo vem, ele entende vai.
Enquanto ele avista o mar eu olho pra montanha.
Quando um se sente em paz o outro quer a guerra.
É preciso me traduzir a cada centímetro do caminho enquanto
ele explica que eu também não entendi nada.
Discordamos sobre o tempo, o tamanho das ondas, a cor da cadeira.
O desacerto é de lascar.
não quero mais o amor da minha vida ocupando
o lugar de amor da minha vida. ..
Maitê Proença